A Caminho da Pascoa: Acreditar na Solidariedade, na Partilha é corresponder ao mandato apostolico deixado por Jesus Cristo... somos discipulos e missionarios, chamados a servir ao proximo com caridade, solidariedade e partilha.

terça-feira, 21 de junho de 2011

PENTECOSTES.

Evangelho deste domingo: João 20, 19-23.
Pentecostes, no Antigo Testamento, era a segunda das três festas à qual todo israelita tinha que comparecer diante de Javé. No Código de Aliança (Ex. 23,16) é chamado: festa da colheita. Mas há, também, outros nomes, como: festa das primícias da colheita do trigo, festa das semanas depois dos ázimos, festa do qüinquagésimo dia (em grego: pentecosté, daí, Pentecostes), festa da alegria, da ação de graças pela abundância da colheita... Foi interpretada, a seguir, para além do seu contexto agrário, como o dia da promulgação da lei mosaica no Sinai.
No Novo Testamento, significa o dia da descida do Espírito Santo sobre a comunidade cristã, cinqüenta dias depois da Páscoa.
No texto de João, lido hoje, a comunicação do Espírito Santo está relacionada com a morte (exaltação) de Jesus por duas imagens: 1) “o ‘Paráclito’, como substituto, especializado em assistência e testemunho (parakletos significa ‘advogado’), portanto necessário aos cristãos perseguidos, em processo com o mundo”; 2) “O Espírito como água que sai da fonte da vida, presente no Jesus “exaltado” (Johan Konings).
Pentecostes, acima de tudo, é para nós a festa do Espírito Santo. É a festa Daquele que é conhecido principalmente na revelação, princípio de vida, de ordem, de beleza das coisas, de renovação da História e do coração das pessoas. É aquele que suscita, move e se compromete com os grandes processos de mudança.
Ele habita todos aqueles que amam, promovem a justiça, praticam o bem, a fraternidade, a paz.
Ele habita todos aqueles que se colocam a serviço dos irmãos.
Ele derruba todas as prepotências, onde quer que estejam, suscitando profetas e concretizando o Reino de Deus.
Ele rompe toda tendência a aprisioná-Lo dentro das esferas adocicantes do coração, numa tendência privatizadora e monopolizadora de sua ação, mostrando que seu espaço maior é a História dos homens e não o micro-espaço de movimentos fechados que nada têm de renovação e pouco de seu carisma.
Ele tira as falsas seguranças aconchegantes das classes médias e altas que O querem monopolizar nos estreitos horizontes delas, patenteando que sua ação está nas maiorias sedentas de justiça, de trabalho, de pão, de casa, de participação, de vez e de voz.


Pe. Francisco de Assis Correia.
Pároco Emérito *

* Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e Doutor em Filosofia pela Unicamp.
O PARÁCLITO

O evangelho deste domingo é João 14, 15-21. Este texto faz parte do primeiro discurso de despedida de Jesus, após a última Ceia. Ele exige a observância de seus mandamentos (v. 15); fala do sentido de sua oração (v. 16); promete outro Paráclito (v. 16); o conhecimento de Deus (v. 17); a inabitação de Deus em nós (v. 17).
Há, aqui, como que uma síntese de todos estes temas ao redor do mandamento do amor.
Observar os mandamentos quer dizer amar, pois tudo se resume no amor. Conhecer a Deus e a seu Filho quer dizer amar. Não se trata de um conhecimento intelectual, mas de um conhecimento que é de comunhão e de coparticipação. É permanecendo neste amor que Deus nos dá o Espírito Paráclito.
Paráclito quer dizer, originalmente, “aquele que é chamado, no campo jurídico, para ajudar e defender um acusado no processo”; quer dizer “auxiliador”, “defensor”. É o próprio Espírito Santo. Como sal, nos conserva. Como fogo, nos purifica e consolida.
Paráclito que confere a infalibilidade à Igreja, opondo-a à mentira, à estagnação. À perda de sua identidade, ao conformismo, ao isolamento.
Paráclito, sustentador da Igreja, ajuda da Igreja para que não seja nunca abandonada da verdade de Deus, de seu Filho, de sua missão, da pessoa humana e de toda história.
Paráclito que está em todos os que, de coração reto, seguem a Cristo, guardam sua palavra, esforçam-se por uma renovação e transformação pessoal e estrutural.
Um bispo ortodoxo, por ocasião do Conselho Mundial das Igrejas, em Uppsala (1968), disse sobre a operação do Espírito Santo na Igreja de Deus: “Sem o Espírito Santo, Deus fica longe, Cristo se situa no passado, o evangelho é letra morta, a Igreja apenas uma organização, a autoridade somente domínio, a missão só propaganda, o culto, um exorcismo, e o comportamento cristão uma moral de escravos. Mas com ele, o cosmos se eleva e geme com gemidos de parto do Reino, o Cristo ressuscitado está presente, o evangelho é a força da vida, a Igreja significa a comunhão trinitária, a autoridade é serviço libertador, a missão um Pentecostes, a liturgia memorial e antecipação, e o agir humano é glorificado”.

Pe. Francisco de Assis Correia.
Pároco Emérito *

* Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e Doutor em Filosofia pela Unicamp.
DOMINGO DO BOM PASTOR

O 4º domingo da Páscoa é chamado “do Bom Pastor”, porque o evangelho proclamado, neste dia, é sempre extraído da autoapresentação de Jesus como Bom Pastor.
O texto de hoje fala de Jesus Cristo como Porta e Pastor.
Como Porta: essa tem duas finalidades: permite a passagem das pessoas da casa e impede o ingresso dos estranhos, ladrões. Assim é Jesus.
Como Pastor: ele é guia. Ele conhece suas ovelhas e as chama pelo nome. Para ele, não há massas anônimas.
Ele é Bom Pastor porque dá a vida por suas ovelhas. Escutar a sua voz e segui-lo é colocar-se, pois, na defesa da vida, da integridade e da dignidade das pessoas. É interessar-se pelo bem de todos e da natureza.
Neste domingo, ligado ao Bom Pastor, celebra-se, igualmente, o 48º Dia Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas, com o tema: “Propor as Vocações na Igreja Local”, isto “significa ter a coragem de indicar, através de uma pastoral vocacional atenta e adequada, este caminho exigente do seguimento de Cristo, que, rico de sentido, é capaz de envolver toda a vida”.
Na Arquidiocese de Ribeirão Preto, desde a década de 1940, iniciativa de Dom Manuel da Silveira D’Elboux, existe a Obra das Vocações Sacerdotais e – faz-se mister lembrar – neste ano o Seminário de Brodowski completa 50 anos de sua inauguração e serviço a esta causa, cometimento de Dom Luís do Amaral Mousinho.
E mais! Hoje, igualmente, celebra-se o cinqüentenário da publicação da Encíclica do Papa João XXIII, Mater et Magistra (15/05/1961 – 15/05/2011).
Ela afirmou a função social da propriedade, advogou uma política de apoio à agricultura familiar e ao cooperativismo, definiu o bem comum “como o conjunto de condições que permitem e favorecem nos seres humanos o desenvolvimento integral da personalidade”, expôs as exigências da justiça nas relações entre setores produtivos e no campo da cooperação entre nações.
O documento social de João XXIII continua atual!

Pe. Francisco de Assis Correia.
Pároco Emérito *

* Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e Doutor em Filosofia pela Unicamp.