A Caminho da Pascoa: Acreditar na Solidariedade, na Partilha é corresponder ao mandato apostolico deixado por Jesus Cristo... somos discipulos e missionarios, chamados a servir ao proximo com caridade, solidariedade e partilha.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA (1)

Pe. Francisco de Assis Correia.

Pretendo tratar do mês da Bíblia em duas etapas: primeiro, relaciono as DGAE 2011-2015 e a Bíblia; depois, tratarei do tema deste ano: A Caminho do Deserto (Êxodo 15, 22-18, 27).
As DGAE 2011-2015 pretendem, entre outras metas, que a Igreja no Brasil seja “fonte da animação bíblica de toda a vida”; que a iniciação cristã esteja “em contato com a Escritura. Alimentando, iluminando e orientando toda a ação pastoral, a Bíblia transporta para a totalidade da existência de pessoas e grupos” (nº 29).
Ela deve ser usada como luz para a vida e não ser instrumentalizada “até mesmo para engodo”, “nem ser instrumentalizada” (nº 49).
Há vários métodos de leitura da Bíblia. Dentre eles, destaca-se a Leitura Orante (nº 52).
“A Igreja no Brasil quer investir cada vez mais na formação de todos os católicos” (nº 92). Para isso, insiste: na “necessidade de possuir a Bíblia”; que “a pessoa seja ajudada a ler corretamente a Escritura”; que é necessária “a experiência de fé”, que se incremente a “animação bíblica de toda pastoral” (nº 93); que “sejam criadas ou fortalecidas equipes de animação bíblica pastoral”, que se proporcionem retiros, cursos, encontros, subsídios para leitura individual, familiar e em pequenos grupos de Palavra de Deus” (nº 94); dentro da animação bíblica, sobressaem aqueles “grupos de famílias, círculos bíblicos e pequenas comunidades em torno à meditação e vivência da Palavra em estreita relação com seu contexto social, cursos e escolas bíblicas, voltados sobretudo a leigos e leigas” (nº 95); o exercício de leitura orante (nº 96), a formação contínua dos ministros e ministras da Palavra (nº 97)...
Como se vê, há um longo percurso para se edificar uma “Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral”. Vai muito além de um mês da Bíblia.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O MÊS VOCACIONAL

Pe. Francisco de Assis Correia.

Agosto é, também, mês vocacional!
Neste ano de 2011, o tema é: “Anunciar a Palavra que gera vida”. O lema é: “Eu vim para que todos tenham vida” (Jo 10,10).
Claro que se tem presente a diversidade de vocações! Dentre elas, a vocação para o ministério presbiteral.
As Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil da CNBB (doc. 93) apresentam o ideal do presbítero que se quer:
- “Autêntico presbítero – discípulo”
- “Presbítero – missionário”
- “Presbítero – servidor da vida, cheio de misericórdia, consagrado para pregar o Evangelho”
- “Ser pastor do Povo de Deus”.
Mais ainda, as mesmas Diretrizes afirmam que: “a identidade e a missão do presbítero nas circunstâncias atuais exigem:
1. o testemunho pessoal de fé e de caridade, de profunda espiritualidade vivida, de renúncia e despojamento de si;
2. a prioridade da tarefa da evangelização, o que acentua o caráter missionário do ministério presbiteral;
3. a capacidade de acolhida a exemplo de Cristo Pastor, que une a firmeza à ternura, sem ceder à tentação de um serviço burocrático e rotineiro;
4. a solidariedade efetiva com a vida do povo, a opção preferencial pelos pobres, com especial sensibilidade para com os oprimidos, os sofredores, em fidelidade à caminhada da Igreja na América Latina, retificada pela Conferência de Aparecida (DAp 396);
5. a maturidade para enfrentar os conflitos existenciais que surgem no contato com um mundo consumista, secularizado e até hostil aos valores do Evangelho;
6. o cultivo da dimensão ecumênica, o diálogo inter-religioso, no respeito à pluralidade de expressar a fé em Deus e nos valores do Evangelho;
7. a participação comprometida nos movimentos sociais, nas lutas do povo, com consciência política diante da corrupção e da decepção política, conservando, entretanto, sua identidade presbiteral, mantendo-se fiel ao que é específico do ministério ordenado e observando as orientações do Magistério da Igreja;
8. a capacidade de respeitar, de discernir e de suscitar serviços e ministérios para a ação comunitária e a partilha;
9. a promoção e a manutenção da paz e a concórdia fundamentada na justiça (CIC 287, § 1º);
10. a configuração de homem de esperança e do seguimento de Jesus na cruz” (nº 73).
(Tudo isso que está aqui serve de revisão de vida, de meditação de todos nós presbíteros. Observo que o índice analítico do referido documento traz mais de 120 referências ao termo presbítero! Cf. REB nº 282 (abril – 2011) vários artigos sobre as Diretrizes).
Para se atingir esse modelo, haja formação (humano-afetiva, comunitária, espiritual, pastoral missionária, intelectual e permanente), casas de formação (seminários), equipes de formadores, de professores, etc!
Tudo isso precedido pela Pastoral Vocacional a quem cabe “despertar os vocacionados para a vocação humana, cristã e eclesial”, “ajudá-los a perceberem os sinais indicadores do chamado de Deus”, “auxiliá-los a cultivarem os germes de vocação”, “acompanhá-los no processo de opção vocacional consciente e livre”, “despertar e acompanhar os vocacionados na vocação específica à vida e ao ministério presbiteral” (cf. nº 100).
Completo este texto, com uma longa citação extraída de uma entrevista do Pe. João Batista Libânio, por ocasião do seu Jubileu de Ouro de Ordenação Presbiteral, na qual trata de três tipos de sacerdotes:
“Na minha já longa vida conheci três tipos de sacerdotes. No despertar da vocação estava o padre tradicional. Convivi com muitos deles, exemplares, cumpridores dos deveres. Cultivavam obediência aos ritos, piedade pessoal, virtudes tradicionais e a exterioridade religiosa bem visível. Viviam o paradigma religioso da sacralidade. Encarnavam-no até a raia do mito do Sagrado, sem arrogância e simplesmente por fé na transcendência do sacramento da Ordem. Fui ordenado no final dessa onda. Vieram, então, os sacerdotes do pós-Vaticano 2º. Grande renovação, desde o exterior das vestes até a criatividade na liturgia, na pastoral, na proximidade com as pessoas e com o mundo. Dessacralizou-se a imagem do padre. E nesse jogo, milhares e milhares de sacerdotes mundo afora deixaram o ministério a ponto de assustar Paulo 6º, que a todos dispensava do exercício do ministério e do celibato. Reinava o paradigma da secularização com o desafio de aí dentro viver e anunciar a fé cristã.
Agora está a surgir uma geração de traços pós-modernos no sentido de fragmentação, de bricolage de elementos díspares e até opostos, compostos numa mesma figura. Assim volta-se ao ritualismo externo no vestir, no apresentar-se, no fazer valer a própria sacralidade, mas com tintura de certa artificialidade e defasagem. Não tem a limpidez tradicional, mas também não prossegue na onda secularizante anterior. Vige o paradigma da explosão do fenômeno religioso ao lado da globalização, da exterioridade superficial, da subjetividade narcisista e hedonista” (JORNAL DE OPINIÃO, 04-10/07/2011 pp. 4-5).


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

INDIGNADOS DO MUNDO INTEIRO, UNÍ-VOS

Pe. Francico de Assis Correia.

Será que um mundo melhor é possível?
Indignado é aquele ou aquela que se indignou, isto, se encolerizou, ou se enfureceu, ou se revoltou frente à experiência de indignidade, de injustiça, de afronta...
É uma atitude extrema que não implica, entretanto, violência. Pode ser pacífica e é esta que muda um ambiente, um estado, um país, um mundo.
Refiro-me aos indignados da praça Tahrir (Cairo, Egito), da Puerta del Sol (Madri, Espanha), Syntagma (Atenas, Grécia), e de países como: Itália, Portugal, Inglaterra, Chile,...
Pretende-se a radicalização da democracia! Quer-se futuro!
Deles brota um grito de basta!
“Um basta à pregarização da vida, à mercadorização, à política irrelevante que nada decide, e quando decide, o faz, a favor do mercado, das finanças”.
São jovens que clamam:
“Menos materialismo e mais humanismo”!
“Dignidade”!
“É um desejo da utopia”!
“Não ao pensamento único”!
“Mudança do sistema”!
Há pontos que resumem reivindicações que, uma vez articulados, unidos, podem transformar o mundo, de mudar as coisas: assim, por exemplo, como explica Josep María Anteantas, professor de Sociologia da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB): mudança no conceito de democracia representativa, rompimento com o neoliberalismo, fomentar a autoorganização popular, a participação nos assuntos coletivos, defesa dos bens comuns, solidariedade comum e igualdade.
O mesmo autor vê neste movimento dos indignados a recuperação da “confiança na ação coletiva, na capacidade coletiva de mudar as coisas”.
É o que precisam todos os indignados do mundo.
Um mundo melhor é possível!
DEUS NÃO EXCLUI NINGUÉM.

Evangelho deste domingo: Mt. 15, 21-28.
Jesus é surpreendente! É amigo da mulher. Não a discrimina, como era comum no seu tempo. Tempo no qual ela era vista como tentação e pecado; submissa ao pai, ao marido; excluída da sociedade, do culto; fonte de impureza, discriminada também juridicamente!
Rompendo com esta situação, Jesus acolhe a mulher, aceita-a como sua discípula, dá-lhe dignidade e os mesmos direitos que os homens... Até mesmo uma não-judia – uma cananéia (Evangelho de hoje) – acaba sendo não só aceita por ele, mas atendida na sua fé (sua filha é curada por ele) e elogiada.
Comentando essa passagem evangélica, o grande biblísta e teólogo espanhol, José Antonio Pagola, observa:
“... A vontade desta mulher coincide com a de Deus, que não quer ver ninguém sofrer. Comovido e admirado pela confiança dela, diz-lhe assim: “Mulher, grande é tua fé; faça-se como tu queres”. A fé grande desta mulher é um exemplo para os discípulos de “fé pequena”. Mas o mais surpreendente é que o próprio Jesus se deixa ensinar e convencer por ela. A mulher tem razão: o sofrimento humano não conhece fronteiras, pois está presente em todos os povos e religiões. Embora a missão de Jesus se limite a Israel, a compaixão de Deus deve ser experimentada por todos os seus filhos e filhas. Contra tudo o que se possa imaginar, de acordo com o relato, esta mulher pagã ajudou Jesus a compreender melhor sua missão”.
Hoje é, também, DIA DOS PAIS. Dizem sociólogos contemporâneos que vivemos, atualmente, numa sociedade sem pai. “Pai já era”! Que tal, então, refletirmos sobre o Deus de Jesus Cristo, esse, sim, verdadeiramente PAI, ou melhor, Abbá (papai), porque é solícito para com todos os seus filhos e suas filhas; é bondade, compaixão; porque é presença e proximidade constante na vida de todos e de todas; porque respeita as decisões de seus filhos e suas filhas (Cf. Filho Pródigo!) e perdoa a todos e todas incondicionalmente. Nesse Deus Pai, todos podemos confiar inteiramente. É Deus da Vida!


Pe. Francisco de Assis Correia.
Pároco Emérito *

* Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e Doutor em Filosofia pela Unicamp.
DGAE - 2011

Pe. Francisco de Assis Correia

Esta sigla DGAE – 2011 significa Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015, documento 94 da CNBB, aprovado no dia 09 de maio de 2011.
Trata-se de um texto inspirador para a elaboração dos planos de pastoral das Dioceses do Brasil, sugerindo sempre que sua ação pastoral passe da manutenção para a criatividade, da conservação para uma pastoral decididamente missionária.
O ponto de partida é Jesus Cristo – sua pessoa e sua prática.
Duas atitudes são importantes para o seu objetivo: alteridade e gratuidade.
Alteridade: “se refere ao outro, ao próximo, àquele que, em Jesus Cristo, é meu irmão ou minha irmã, mesmo estando do outro lado do planeta...” (nº 8).
Gratuidade: “À semelhança de Cristo Jesus que, saindo de si foi ao encontro dos outros, nada esperando em troca (cf. Fl 2, 5ss)...” (nº 9).
O referido documento, depois de afirmar que vivemos “uma mudança de época”, com relativismo e fundamentalismo, indica urgências evangelizadoras:
- Igreja em Estado Permanente de Missão;
- Igreja: Casa da Iniciação à Vida Cristã;
- Igreja: Lugar de Animação Bíblica da Vida e da Pastoral;
- Igreja: Comunidade de Comunidades;
- Igreja a Serviço da Vida Plena para Todos.
Como resumiu bem, o Pe. Prof. Dr. Vitor Galdino Feller, de Florianópolis: “Na primeira e na última dessas urgências, como que uma moldura para as outras três, percebe-se que a Igreja deve estar voltada para fora, para a missão, para a encarnação no mundo, o diálogo com a sociedade, o encontro com as culturas, o serviço dos pobres, a transformação da realidade. Nas outras três, a Igreja deve estar voltada para Deus, para o mistério da graça que lhe é dada, a força que lhe vem da Palavra e dos sacramentos” (FC – agosto 2011, p. 64).
A essas urgências, correspondem igualmente, com o mesmo título, cinco perspectivas de ação.
O que se pretende é uma Igreja “em estado permanente de missão”, o que requer: conversão pastoral, atitudes de iniciativas de auto-avaliação, mudança de estruturas pastorais, novos métodos; uma Igreja a serviço da vida para todos, com todos os desdobramentos desta opção; uma Igreja de discípulos, com muita formação; uma paróquia, rede de comunidades...
O Pe. Prof. Dr. Agenor Brighenti, tratando destas DGAE, no Encontro de Estudo e Debate, em Brasília (CNBB), no dia 2 do corrente, entre outras coisas, afirmou:
“A Igreja no Brasil clama pela superação de uma fé restrita a práticas religiosas fragmentadas, feita de adesões parciais e participação ocasional. As DGAE podem ajudar a superar o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas, na verdade, a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez”.
Para o Pe. Prof. Dr. Paulo Süess, missiólogo e assessor teológico do CIMI, em sua análise das DGAE – 2011, “a urgência das DGAE – 2011 aponta, como uma espécie de PAC (Programa de Aceleração dos Católicos) eclesial apenas para a velocidade, não para o caminho. Pela falta de recursos e agentes de pastoral nas periferias das nossas grandes cidades, os ministros que restam se tornaram, muitas vezes, missionários e missionárias de Fórmula 1, sobrecarregados com tarefas e distâncias. Estão “na onda” da aceleração exigida pelo mercado e agora pelas DGAE”!
Nos Objetivos gerais de 2011, em “seu mundo nitidamente introvertido”, a Igreja gira em torno de si mesma e perdera, aparentemente, o horizonte da “libertação integral do homem” (1979) e da “construção de uma sociedade justa e solidária” (2008).
“Opção preferencial para os pobres está no último lugar possível e seu conteúdo fica aquém da proposta de Aparecida”.
A realidade atual é “descrita com certo pessimismo”.
Os “sinais dos tempos” não têm conteúdo!
Até os sete passos metodológicos propostos pelas DGAE – 2011, nem sempre são seguidos nas mesmas!
E conclui:
“Aonde vais, Igreja? Não estamos indo por aí, sem rumo. As reais urgências e os verdadeiros anseios do povo de Deus revelam-se nas entrelinhas das DGAE: a Igreja profética, o reconhecimento da alteridade, a gratuidade da missão e a fidelidade a Jesus Cristo crucificado e ressuscitado no meio do povo. Aí se encontra a possibilidade de a Igreja no Brasil interromper a fuga e ser, o que deve ser: “expressão da encarnação do Reino de Deus no hoje de nossa história” (nº 141).
Entrementes, o que se vê por aí é um pulular de devocionismo pré-conciliar, “novenismo”, emotivismo, sentimentalismo, triunfalismo, mãos-levantadas, alfaias rendadas, “casulismo” até para benzer carros... e deixa as DGAE “prá lá”...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A FIGURA DO PAI, HOJE

Pe. Francisco de Assis Correia.

A celebração do Dia dos Pais oferece-nos a oportunidade de refletir sobre a figura do pai, hoje.
Alguns especialistas em família e terapeutas familiares sublinham que a figura do pai, na pós-modernidade, desapareceu: “vivemos numa sociedade sem pai”, “não há mais lugar para pai, na sociedade de hoje”, “pai é brega”, etc...
O que aconteceu?
A mudança da mulher, trabalhando fora de casa, assumindo, às vezes, sozinha as despesas da casa, dirigindo a família, etc... revela que o pai perdeu seu lugar de provedor da casa e de chefe da família. Hoje, todos são responsáveis pelo êxito ou pelo fracasso da família. Deste modo, as relações entre as pessoas na família tornaram-se mais horizontais, igualitárias.
Do pai, espera-se sua presença em casa, na vida de sua esposa e de seus filhos; acompanhamento dos mesmos na escola, nos brinquedos; diálogo aberto, franco, sincero; abertura para as outras famílias, para a sociedade e seus anseios. Vontade de ser mais e partilhar a vida com tudo o que ela tem e traz surpreendentemente.
Apoiado na fé em Deus Pai, esforça-se para tornar sua família uma comunidade de vida e de amor e trabalha para que outras famílias possam, também, assim se tornarem.

PASTORAL DA FAMÍLIA

Pe. Francisco de Assis Correia.

Pastoral Familiar é de ambiente rural: não levava em conta as macroestruturas, não dava importância aos conflitos sociais como fatores responsáveis por conflitos familiares, acreditava nos efeitos dos bons sentimentos, como também dos bons conselhos. Dava pouca importância à pastoral de conjunto (Frei Antônio Moser, ofm)!
Pastoral da Família pretende responder ao ambiente urbano, complexo, com seus conflitos sociais, etc, não isoladamente, mas numa pastoral de conjunto.
A CNBB publicou o Diretório de Pastoral Familiar, em 2005 (Doc. nº 79), em duas óticas: uma mais explicativa e outra mais formativa e pastoral, oferecendo critérios para a mesma e que não podem ser ignorados.
Da mesma CNBB, lembro que a Comissão Nacional da Pastoral Familiar publicou: Pastoral Familiar na Paróquia: guia de implantação e o Guia de Preparação para a Vida Matrimonial: Encontros para Noivos.
Com uma competente e dedicada assessoria do pároco, juntamente com uma equipe de casais motivados e dispostos ao trabalho, pode-se criar uma Pastoral Familiar eficiente, pró-ativa e criativa a favor das famílias, da comunidade e da sociedade.
O que não se pode é fazer-de-conta, parado no tempo e fugindo dos angustiosos e urgentes problemas das famílias!
XIII CONGRESSO NACIONAL DA PASTORAL FAMILIAR

Pe. Francisco de Assis Correia.

O XIII Congresso Nacional da Pastoral Familiar que acontecerá em Belo Horizonte, entre os dias 19 a 21 de agosto deste ano, tem como tema: “Família, Pessoa e Sociedade” – o mesmo da Semana da Família deste ano – e, como lema: “Somos Cidadãos e Membros da Família de Deus” (cf. Ef 2, 19).
A proposta é “ser um momento de formação e partilha de experiências que alicercem o trabalho da Pastoral Familiar nas dimensões do pertencimento à família na atualidade”.
Gosto de lembrar a definição de Pastoral Família dada pelo Frei Antônio Moser, ofm:
“... nascida no contexto urbano, julga que é neste nível que se implantam as raízes dos fatores mais deletérios que atuam sobre a família e sua estabilidade. (...). Sem negar que haja causas pessoais, aponta os conflitos sociais como forças que acirram os conflitos familiares; (...) percebe os sentimentos como resultantes de situações reais, que devem ser enfrentadas e resolvidas para que os comportamentos possam mudar efetivamente; (...) compreende-se inserida num processo de atuação conjunta, onde várias pastorais, sem perder sua especificidade, se iluminam e se reforçam mutuamente” (cf. Teologia Moral: questões vitais. Petrópolis: Vozes, 2004, pp. 76 – 94).
Não é, simplesmente, ter casais que, ocasionalmente, se reúnem na igreja para uma missa, para a Semana da Família, ou, até mesmo, reúnem-se em equipes, mas não têm nenhuma reflexão, nenhum roteiro, nenhuma assessoria... Nem mesmo, a Pastoral da Família resume-se em ter “movimentos familiares” na paróquia, ou, na Arquidiocese... Ela deve estar inserida na Pastoral de Conjunto!
Voltarei oportunamente ao assunto!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

28 ANOS SEM TRISTÃO DE ATHAYTE

Pe. Francisco de Assis Correia.

O pseudônimo Tristão de Athayte veio de 1919, quando Alceu Amoroso Lima – seu nome verdadeiro – começou a escrever uma coluna de crítica literária – chamada Bibliografia, em O JORNAL, no Rio de Janeiro, cidade onde nasceu aos 11 de dezembro de 1893.
Convertido ao catolicismo em 15 de agosto de 1928, tornou-se o leigo mais expressivo, militante e profundo pensador da Igreja Católica, no século XX, no Brasil. Ligado ao Centro Dom Vital e à revista A ORDEM, “defendeu os interesses católicos junto ao Estado, atendendo ao pedido de Dom Leme”. Iniciou, em 1929, a Ação Universitária Católica (AUC), mais tarde, transformada na JUC (Juventude Universitária Católica), em 1950. Difundiu a Liga Eleitoral Católica (LEC). Inspirou o Partido Democrata Cristão brasileiro (1945), a exemplo do que, na época, ocorria com Eduardo Frei no Chile, Emanuel Ordoñes na Argentina e Dardo Régules no Uruguai.
Publicou muitas obras sobre os mais variados assuntos, sempre com horizontes abertos, sem fronteiras e com muita clarividência.
Tive a imensa satisfação de entrevistá-lo pessoalmente no Seminário Central do Ipiranga em São Paulo para o mural “Seminário, Urgente” e, depois, em 1967, no Colégio Pio Brasileiro, em Roma, quando fez aos alunos deste estabelecimento uma palestra sobre o momento brasileiro da época.
Tristão de Athayte faleceu aos 89 anos, em Petrópolis – RJ, no dia 14 de agosto de 1983.
Lembro-me de que algum tempo antes desta data, Luís Buñuel, famoso diretor de cinema espanhol, radicado no México e célebre ateu, perguntado se tinha medo da morte, confirmou e confessou ser ela um absurdo, “um caminhar para a destruição, para o nada, pois nada há depois da morte”.
Tristão de Athayte, na mesma época, respondeu bendizer o dia de sua morte. Partiria para a Vida Plena, Eterna... para a Ressurreição.
Relembrando, hoje, sua vida, sua fé, sua militância, peçamos a Deus, conceda-nos leigos como ele: militantes, inteligentes, de largos horizontes e de fé a toda prova, movidos pela esperança, vivida no amor.
Há pouco mais de um mês, falecia sua filha, a abadessa beneditina Madre Maria Teresa, do mosteiro de Santa Maria, em São Paulo, a quem escreveu, estivesse onde fosse, carta diária, durante mais de trinta anos!
Elas estão coletadas em dois volumes pelo Instituto Moreira Salles (IMS), sob o título de Cartas do Pai (2003).
A respeito dessas Cartas, Frei Betto afirmou: “... como homem de visão que era, tinha plena consciência de que não escrevia apenas à filha, escrevia à história, como testemunho de uma vida – a dele, tão intensa e rica – e de uma época”!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A FOME NO MUNDO

Pe. Francisco de Assis Correia

Artigo de Esther Vivas – membro do Centro de Estudos sobre Movimentos Sociais da Universidade Pompeu Fabra de Barcelona, Espanha, intitulado “Os Porquês da Fome” (cf. IHU, 01/08/2011) revela que: a fome não é uma “fatalidade inevitável. As causas da fome são políticas”!
Somos, no mundo, cerca de 7 bilhões de seres humanos. A comida produzida no mundo de hoje dá para 12 bilhões!
O que que acontece? Acontece que comida virou mercadoria, negócio, especulação.
Os países em desenvolvimento dependem dos países desenvolvidos que, por sua vez, compram, abaixo preço, dos países produtores que, uma vez, industrializados, chegam até a comprar dos países pobres, as suas melhores terras para produzir e exportar alimentos, o que tem ocorrido, por exemplo, no Suldão!
A competição desleal com os produtos dos países pobres é outro fator.
A especulação financeira com as matérias primas... as bolsas de valores que determinam os preços dos alimentos (Chicago, Londres, Paris, Amsterdam, Frankfurt...).
Segundo Mike Masters, 75% do investimento financeiro do setor agrícola é de caráter especulativo. Especula-se com a comida!
A fome no mundo é resultado da “globalização ao serviço dos interesses privados”!
Segundo a ONU, “a fome é um problema político. É uma questão de justiça social e de políticas de distribuição”.
O artigo conclui que: “se queremos acabar com a fome no mundo é urgente apostar noutras políticas agrícolas e alimentares que coloquem no seu centro as pessoas, as suas necessidades, aqueles que trabalham a terra e o eco-sistema”.
Por feliz coincidência, o artigo publicado pela IHU sobre a fome, saiu publicado após o evangelho proclamado ontem (31/07/2011): o da multiplicação dos pães e dos peixes (18º Domingo do Tempo Comum)!
Jesus multiplicou os pães e os peixes! Foram distribuídos sem corrupção, sem improbidade administrativa, sem desculpas de gastos, sem intermediários, sem propinas, sem burocracia... E ainda, com as sobras, encheram-se 12 cestos.
Trata-se de partilha entre irmãos!
Onde ela acontece, não há fome nem miséria...