DGAE - 2011
Pe. Francisco de Assis Correia
Esta sigla DGAE – 2011 significa Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015, documento 94 da CNBB, aprovado no dia 09 de maio de 2011.
Trata-se de um texto inspirador para a elaboração dos planos de pastoral das Dioceses do Brasil, sugerindo sempre que sua ação pastoral passe da manutenção para a criatividade, da conservação para uma pastoral decididamente missionária.
O ponto de partida é Jesus Cristo – sua pessoa e sua prática.
Duas atitudes são importantes para o seu objetivo: alteridade e gratuidade.
Alteridade: “se refere ao outro, ao próximo, àquele que, em Jesus Cristo, é meu irmão ou minha irmã, mesmo estando do outro lado do planeta...” (nº 8).
Gratuidade: “À semelhança de Cristo Jesus que, saindo de si foi ao encontro dos outros, nada esperando em troca (cf. Fl 2, 5ss)...” (nº 9).
O referido documento, depois de afirmar que vivemos “uma mudança de época”, com relativismo e fundamentalismo, indica urgências evangelizadoras:
- Igreja em Estado Permanente de Missão;
- Igreja: Casa da Iniciação à Vida Cristã;
- Igreja: Lugar de Animação Bíblica da Vida e da Pastoral;
- Igreja: Comunidade de Comunidades;
- Igreja a Serviço da Vida Plena para Todos.
Como resumiu bem, o Pe. Prof. Dr. Vitor Galdino Feller, de Florianópolis: “Na primeira e na última dessas urgências, como que uma moldura para as outras três, percebe-se que a Igreja deve estar voltada para fora, para a missão, para a encarnação no mundo, o diálogo com a sociedade, o encontro com as culturas, o serviço dos pobres, a transformação da realidade. Nas outras três, a Igreja deve estar voltada para Deus, para o mistério da graça que lhe é dada, a força que lhe vem da Palavra e dos sacramentos” (FC – agosto 2011, p. 64).
A essas urgências, correspondem igualmente, com o mesmo título, cinco perspectivas de ação.
O que se pretende é uma Igreja “em estado permanente de missão”, o que requer: conversão pastoral, atitudes de iniciativas de auto-avaliação, mudança de estruturas pastorais, novos métodos; uma Igreja a serviço da vida para todos, com todos os desdobramentos desta opção; uma Igreja de discípulos, com muita formação; uma paróquia, rede de comunidades...
O Pe. Prof. Dr. Agenor Brighenti, tratando destas DGAE, no Encontro de Estudo e Debate, em Brasília (CNBB), no dia 2 do corrente, entre outras coisas, afirmou:
“A Igreja no Brasil clama pela superação de uma fé restrita a práticas religiosas fragmentadas, feita de adesões parciais e participação ocasional. As DGAE podem ajudar a superar o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas, na verdade, a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez”.
Para o Pe. Prof. Dr. Paulo Süess, missiólogo e assessor teológico do CIMI, em sua análise das DGAE – 2011, “a urgência das DGAE – 2011 aponta, como uma espécie de PAC (Programa de Aceleração dos Católicos) eclesial apenas para a velocidade, não para o caminho. Pela falta de recursos e agentes de pastoral nas periferias das nossas grandes cidades, os ministros que restam se tornaram, muitas vezes, missionários e missionárias de Fórmula 1, sobrecarregados com tarefas e distâncias. Estão “na onda” da aceleração exigida pelo mercado e agora pelas DGAE”!
Nos Objetivos gerais de 2011, em “seu mundo nitidamente introvertido”, a Igreja gira em torno de si mesma e perdera, aparentemente, o horizonte da “libertação integral do homem” (1979) e da “construção de uma sociedade justa e solidária” (2008).
“Opção preferencial para os pobres está no último lugar possível e seu conteúdo fica aquém da proposta de Aparecida”.
A realidade atual é “descrita com certo pessimismo”.
Os “sinais dos tempos” não têm conteúdo!
Até os sete passos metodológicos propostos pelas DGAE – 2011, nem sempre são seguidos nas mesmas!
E conclui:
“Aonde vais, Igreja? Não estamos indo por aí, sem rumo. As reais urgências e os verdadeiros anseios do povo de Deus revelam-se nas entrelinhas das DGAE: a Igreja profética, o reconhecimento da alteridade, a gratuidade da missão e a fidelidade a Jesus Cristo crucificado e ressuscitado no meio do povo. Aí se encontra a possibilidade de a Igreja no Brasil interromper a fuga e ser, o que deve ser: “expressão da encarnação do Reino de Deus no hoje de nossa história” (nº 141).
Entrementes, o que se vê por aí é um pulular de devocionismo pré-conciliar, “novenismo”, emotivismo, sentimentalismo, triunfalismo, mãos-levantadas, alfaias rendadas, “casulismo” até para benzer carros... e deixa as DGAE “prá lá”...
Pe. Francisco de Assis Correia
Esta sigla DGAE – 2011 significa Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015, documento 94 da CNBB, aprovado no dia 09 de maio de 2011.
Trata-se de um texto inspirador para a elaboração dos planos de pastoral das Dioceses do Brasil, sugerindo sempre que sua ação pastoral passe da manutenção para a criatividade, da conservação para uma pastoral decididamente missionária.
O ponto de partida é Jesus Cristo – sua pessoa e sua prática.
Duas atitudes são importantes para o seu objetivo: alteridade e gratuidade.
Alteridade: “se refere ao outro, ao próximo, àquele que, em Jesus Cristo, é meu irmão ou minha irmã, mesmo estando do outro lado do planeta...” (nº 8).
Gratuidade: “À semelhança de Cristo Jesus que, saindo de si foi ao encontro dos outros, nada esperando em troca (cf. Fl 2, 5ss)...” (nº 9).
O referido documento, depois de afirmar que vivemos “uma mudança de época”, com relativismo e fundamentalismo, indica urgências evangelizadoras:
- Igreja em Estado Permanente de Missão;
- Igreja: Casa da Iniciação à Vida Cristã;
- Igreja: Lugar de Animação Bíblica da Vida e da Pastoral;
- Igreja: Comunidade de Comunidades;
- Igreja a Serviço da Vida Plena para Todos.
Como resumiu bem, o Pe. Prof. Dr. Vitor Galdino Feller, de Florianópolis: “Na primeira e na última dessas urgências, como que uma moldura para as outras três, percebe-se que a Igreja deve estar voltada para fora, para a missão, para a encarnação no mundo, o diálogo com a sociedade, o encontro com as culturas, o serviço dos pobres, a transformação da realidade. Nas outras três, a Igreja deve estar voltada para Deus, para o mistério da graça que lhe é dada, a força que lhe vem da Palavra e dos sacramentos” (FC – agosto 2011, p. 64).
A essas urgências, correspondem igualmente, com o mesmo título, cinco perspectivas de ação.
O que se pretende é uma Igreja “em estado permanente de missão”, o que requer: conversão pastoral, atitudes de iniciativas de auto-avaliação, mudança de estruturas pastorais, novos métodos; uma Igreja a serviço da vida para todos, com todos os desdobramentos desta opção; uma Igreja de discípulos, com muita formação; uma paróquia, rede de comunidades...
O Pe. Prof. Dr. Agenor Brighenti, tratando destas DGAE, no Encontro de Estudo e Debate, em Brasília (CNBB), no dia 2 do corrente, entre outras coisas, afirmou:
“A Igreja no Brasil clama pela superação de uma fé restrita a práticas religiosas fragmentadas, feita de adesões parciais e participação ocasional. As DGAE podem ajudar a superar o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas, na verdade, a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez”.
Para o Pe. Prof. Dr. Paulo Süess, missiólogo e assessor teológico do CIMI, em sua análise das DGAE – 2011, “a urgência das DGAE – 2011 aponta, como uma espécie de PAC (Programa de Aceleração dos Católicos) eclesial apenas para a velocidade, não para o caminho. Pela falta de recursos e agentes de pastoral nas periferias das nossas grandes cidades, os ministros que restam se tornaram, muitas vezes, missionários e missionárias de Fórmula 1, sobrecarregados com tarefas e distâncias. Estão “na onda” da aceleração exigida pelo mercado e agora pelas DGAE”!
Nos Objetivos gerais de 2011, em “seu mundo nitidamente introvertido”, a Igreja gira em torno de si mesma e perdera, aparentemente, o horizonte da “libertação integral do homem” (1979) e da “construção de uma sociedade justa e solidária” (2008).
“Opção preferencial para os pobres está no último lugar possível e seu conteúdo fica aquém da proposta de Aparecida”.
A realidade atual é “descrita com certo pessimismo”.
Os “sinais dos tempos” não têm conteúdo!
Até os sete passos metodológicos propostos pelas DGAE – 2011, nem sempre são seguidos nas mesmas!
E conclui:
“Aonde vais, Igreja? Não estamos indo por aí, sem rumo. As reais urgências e os verdadeiros anseios do povo de Deus revelam-se nas entrelinhas das DGAE: a Igreja profética, o reconhecimento da alteridade, a gratuidade da missão e a fidelidade a Jesus Cristo crucificado e ressuscitado no meio do povo. Aí se encontra a possibilidade de a Igreja no Brasil interromper a fuga e ser, o que deve ser: “expressão da encarnação do Reino de Deus no hoje de nossa história” (nº 141).
Entrementes, o que se vê por aí é um pulular de devocionismo pré-conciliar, “novenismo”, emotivismo, sentimentalismo, triunfalismo, mãos-levantadas, alfaias rendadas, “casulismo” até para benzer carros... e deixa as DGAE “prá lá”...
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