A Caminho da Pascoa: Acreditar na Solidariedade, na Partilha é corresponder ao mandato apostolico deixado por Jesus Cristo... somos discipulos e missionarios, chamados a servir ao proximo com caridade, solidariedade e partilha.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010




III – Quaresma, Semana Santa e Páscoa


Francisco de Assis Correia*





1 – Quaresma
Há alguns anos atrás, falar em quaresma era lembrar um tempo tenebroso, feio, cheio de proibições, medo... Tempo de lobisomem, de superstições e de tristeza. Tempo de muita penitencia, de jejuns, de via-sacra, de rezar pelas almas, de procissões do Senhor dos Passos, de Nossa Senhora das Dores. Homens numa. Mulheres noutra. Até o repique dos sinos era diferente. Mais para morto que para vivo. As matracas roucas e repetitivas pareciam anunciar o fim do mundo! Tempo de comer peixe e abster-se de carne. Há gente que, mesmo sem freqüentar a igreja conserva orgulhosamente a tradição de não comer carne às quartas e sextas feiras da quaresma! A legislação da Igreja mudou, mas eles não.
Embora alguns tentem voltar a esse passado mais devocional e tradicional do que atualizar liturgicamente este tempo e torná-lo oportunidade de evangelização e aprofundamento da fé, a quaresma permanece como tempo constituído de cinco semanas através das quais, somos chamados a nos preparar para a páscoa. É tempo de preparação para a maior festa do Cristianismo: a Ressurreição de Cristo. Tudo, neste tempo, tem sentido se for ordenado par uma sincera, autêntica e genuína preparação para a Festa da Páscoa. Caso contrário, vira folclore anual, sem sentido verdadeiramente litúrgico e cristão.
A renovação litúrgica proposta pelo Concilio Vaticano II quis resgatar a verdadeira prática quaresmal. Com este objetivo prescreve:
“Tanto na liturgia, quanto na catequese litúrgica, esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitencia fazendo os fiéis ouvirem com mais freqüência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC, 109).
Observa-se, aqui, a primazia da Palavra de Deus. Esta é a primeira missão e obrigação dos ministros da Igreja: pregar. E a quaresma apresenta-se como tempo mais que oportuno para isso. A oração virá como resposta à Palavra anunciada.
Quaresma é igualmente tempo de conversão entendida como mudança de vida para melhor; retomada da vida para que seja mais de acordo com o Evangelho, para produzir bons frutos.
Afastadas aquelas tradições que já não condizem com o autêntico sentido da Quaresma, vivamos intensamente este tempo aguardando vigilantes a Páscoa do Senhor.



2- Semana Santa
A semana santa é assim chamada porque, nela celebramos os principais mistérios da nossa fé cristã: a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.
Ela se inicia com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor.
De Ramos, porque neste dia, fazemos a memória da entrada do Senhor em Jerusalém, com a benção e a procissão de ramos.
Da Paixão do Senhor, porque se proclama a Paixão segundo um dos Evangelistas Sinópticos. Neste ano é proclamada a Paixão segundo Lucas.
Vem, depois, o chamado Tríduo Pascal, que compreende a Quinta- Feira Santa, a Sexta-Feira Santa e o Sábado Santo que, segundo Santo Agostinho é “o sacratíssimo Tríduo do Crucificado, Sepultado e Ressuscitado”.
Quinta-feira Santa: nas catedrais, celebra-se, pela manhã a missa do Crisma. À tarde, em todas as paróquias, celebra-se a Missa da Ceia do Senhor, com o Rito do Lava-pés.
Sexta-Feira Santa: celebra-se a Paixão e Morte do Senhor. Não há missa neste dia. Mas há, a proclamação da Paixão segundo São João, as orações solenes, a adoração da Cruz e a comunhão.
Sábado Santo: à noite celebra-se a Vigília, mãe de todas as vigílias que é a Vigília Pascal, que compreende: a Celebração da Luz, a Liturgia da Palavra, a Liturgia Batismal e a Liturgia Eucarística.
Termina assim, o Tríduo Pascal.
O Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor chamado “Domingo dos domingos”, “Festa das festas”, “Rainha de todas as festas, de todos os domingos, de todos os dias do ano”. Celebramos Aquele que venceu a morte ressuscitando e dando-nos a esperança de que, também nós haveremos de ressuscitar e viveremos com Ele. Aleluia!
Segue o Tempo Pascal até o Domingo de Pentecostes que, neste ano celebra-se no dia 23 de maio.





*Padre Professor Doutor. Leciona no Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (CEARP), em Brodowski - SP

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