TEOLOGIA DO PLURALISMO RELIGIOSO (2)
Pe. Francisco de Assis Correia
A Teologia do Pluralismo é um avanço, uma evolução, com vários níveis.
Vai além do diálogo inter-religioso.
Para Vigil, “uma coisa é refletir sobre a pluralidade religiosa (“ Teologia do Pluralismo Religioso”) e outra, dialogar mesmo com outra religião. Sem a transformação de mentalidade, que essa reflexão vai provocar, não será possível “dialogar” verdadeiramente com outra religião, porque será um diálogo de surdos, aparente diálogo daqueles que pensam – cada um – que eles têm a verdade e que o outro não é interlocutor religioso válido. Por isso nós dizemos que a teologia do diálogo inter-religioso é um “intradiálogo”, um diálogo que uma religião deve fazer consigo mesma antes de dialogar com outra, para que o diálogo possa ser viável e frutífero”.
O teólogo Vigil estabeleceu, ainda, algumas condições para que as religiões possam construir juntas a paz no mundo: abandonar o complexo de superioridade ( “a minha é a única verdadeira”), deixar as pretensões de “unicidade” (“a minha é a única”), “retirar o mapa teológico geocêntrico” que as punha no centro do mundo religioso, e devem aceitar um novo mapa teológico “heliocêntrico”, com só Deus no centro e elas, todas as religiões, girando soralmente companheiras ao serviço da humanidade para aquilo que tem a ver com a relação com o mistério divino”; devem atualizar sua epistemologia; superar o “modelo de verdade” objetivista, metafísico, fixista, de verdades eternas “claras e distintas”; reconstruir a “outra religião possível”; e uma visão pluralista...
José María Vigil insiste na tese de que “não haverá paz no mundo sem teologia do pluralismo religioso”.
Para ele, paz não é só ausência de guerra. “é o resumo de todos os bens salvífecos”. É o “shalon” (judaico) e o “shalan” (árabe).
Supera, também, uma visão antropocêntrica religiosa, na qual fomos educados: “o bem comum da humanidade ficaria absolutamente curto e mal entendido se deixasse de buscar o bem comum da vida no planeta. (...) Hoje a caridade realista deveria começar pelo planeta. (...) Como é possível que as religiões ainda não tenham pedido perdão por terem permanecidas cegas ao ecológico?”
Sua tese, igualmente, vai além da de Hans Küng, segundo a qual “não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões”.
Segundo Vigil, Küng ficou no plano ético (“Projeto de Ética Mundial”); a sua posição situa-se no nível teológico.
Resta-nos torcer pelo êxito desta Oficina e aguardar o fruto de seus trabalhos.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
TEOLOGIA DO PLURALISMO RELIGIOSO (1)
Pe. Francisco de Assis Correia
O padre e teólogo José María Vigil, claretiano, como os Padres da Vila Tibério – Ribeirão Preto e Dom Pedro Casaldáliga – espanhol de nascimento, naturalizado nicaragüense e vivendo atualmente no Panamá – recentemente concedeu uma entrevista à THU On-Line, na qual tratou do tema de uma oficina sobre “Religiões e Paz: A visão/teologia necessária para tornar possível uma Aliança de Civilizações e de Religiões para o bem comum da humanidade e a vida do planeta”. Esta oficina fará parte do Fórum Mundial de Teologia e Libertação (FMTL), dentro do Fórum Social Mundial (FSM), que deve acontecer em Dakar, no Senegal, em fevereiro de 2011.
A mencionada Oficina está sendo organizada pela Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro mundo (ASETT/EADWOT), por meio de sua comissão teológica, da qual é responsável, na América Latina, José María Vigil.
Na referida entrevista, ele esclareceu, entre outras coisas, que: “teologia do pluralismo religioso consiste em ‘teologizar’, ou seja, refletir sobre o significado que pode ter o pluralismo religioso, a pluralidade de religiões: por que existem religiões e não só a minha religião em que fui ensinado que era a “única verdadeira”? As outras têm valor? Têm valor por si mesmas ou o recebem da minha? Posso reconhecê-las como válidas, ou tenho que procurar convertê-las? E se posso reconhecê-las, como ficam então a unicidade e “absoluticidade” que a minha religião sempre proclamou? Nessa reflexão toda consiste a teologia do pluralismo religioso”.
Pe. Francisco de Assis Correia
O padre e teólogo José María Vigil, claretiano, como os Padres da Vila Tibério – Ribeirão Preto e Dom Pedro Casaldáliga – espanhol de nascimento, naturalizado nicaragüense e vivendo atualmente no Panamá – recentemente concedeu uma entrevista à THU On-Line, na qual tratou do tema de uma oficina sobre “Religiões e Paz: A visão/teologia necessária para tornar possível uma Aliança de Civilizações e de Religiões para o bem comum da humanidade e a vida do planeta”. Esta oficina fará parte do Fórum Mundial de Teologia e Libertação (FMTL), dentro do Fórum Social Mundial (FSM), que deve acontecer em Dakar, no Senegal, em fevereiro de 2011.
A mencionada Oficina está sendo organizada pela Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro mundo (ASETT/EADWOT), por meio de sua comissão teológica, da qual é responsável, na América Latina, José María Vigil.
Na referida entrevista, ele esclareceu, entre outras coisas, que: “teologia do pluralismo religioso consiste em ‘teologizar’, ou seja, refletir sobre o significado que pode ter o pluralismo religioso, a pluralidade de religiões: por que existem religiões e não só a minha religião em que fui ensinado que era a “única verdadeira”? As outras têm valor? Têm valor por si mesmas ou o recebem da minha? Posso reconhecê-las como válidas, ou tenho que procurar convertê-las? E se posso reconhecê-las, como ficam então a unicidade e “absoluticidade” que a minha religião sempre proclamou? Nessa reflexão toda consiste a teologia do pluralismo religioso”.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
FAZENDA NIAGARA
Pe. Francisco de Assis Correia
O nome, para alguns, lembra as cataratas do Canadá.
Para outros, uvas.
Para mim, é a fazenda
onde moraram meus avós maternos,
meu tios e minhas tias,
o lugar onde morei logo após ter nascido
(nasci na Santa Casa de Jardinópolis),
e ali vivi por cerca de 4 anos.
E, morando na cidade, não havia dia que não ia passar lá,
na casa da avó Maria.
Ela morava numa casa fora da colônia,
perto de um córrego,
de uma mina,
tendo ao seu redor:
laranjeiras, pés de mexerica,
de tangerina, e abacate,
de paineira, de bananeira,
de goiabeira, de jaboticabeira...
Havia horta farta,
galinheiro, paiol...
Não havia dinheiro,
mas nada faltava de comida.
A avó Maria cozinhava muito bem.
Nas festas, no forno de bola,
ao lado da cozinha, ela fazia pães, roscas, bolos,
frangos assados,
leitoa assada.
Durante o ano, a avó fazia lingüiças.
Ficavam dependuradas na despensa.
À vontade.
Ali havia sacos de arroz, de feijão e de outras coisas.
Na venda só se comprava:
sal, azeite, querosene, fósforos para acender as lamparinas e o fogão
(só na década de 60, instalou-se eletricidade nas casas dos colonos!
O mesmo com água encanada e banheiros!), farinha de trigo e algo mais...
Como fui feliz
na fazenda Niagara...
Havia lá, também,
a casa do tio Altino e da tia Helena:
A Mariinha, o Zé Mário, o Luís, a Sidinéia.
Noutra casa:
Tio Pedro e tia Guiomar,
com a Marina, o Pedrinho, o Paulinho, a Sandra, a Ana Helena...
A casa do Sô Rodolfo e da Dª Elvira,
com um monte de filhos e filhas...
E o meu amigo Pérsio.
Dona Elvira, pela manhã, sempre fazia polenta frita na chapa,
para se tomar com leite...
Que gostosura!
A casa da Dª Idelma e do Sô Francisco Leme
(Cumadi Delma e Sô Chico Leme para a minha avó).
Uma penca de filhos...
Muito trabalho, muita horta...
Admirava Dª Idelma, de pé,
comendo na tampa da panela,
aquele sorriso amplo,
gostoso...
Chacoalhava-se toda!
E Sô Chico Leme também.
A casa do Sô Turíbio e da Dª Conceição:
Muitos filhos e filhas.
Eram também compadres dos meus avós.
Admirava neles o mútuo respeito
e a amizade sincera
que durou até o fim da vida,
mais do que se fossem parentes.
As casas, durante muito tempo, não tiveram piso
- eram de terra batida -,
Água encanada, banheiro, muito menos forro...
A casa do Sô Elias Gibaile e de Dª Dalva...
Ele era o fiscal da fazenda.
A casa dele ficava perto do “terreirão”.
Distante da casa do fazendeiro,
cerca de 200 m., se tanto!
Dos filhos, lembro-me mais do Zé Oswaldo,
Colega de escola e amigo.
Ah! Lembro-me, também,
de duas irmãs de Dª Dalva. Não de seus nomes.
Sei que bordavam muito bem!
O terreirão para secar café
parecia-me imenso.
Não era lugar de brincadeira.
Uma vez, justamente nele,
secando o café, meu avô perdeu todo o seu salário!
Quem achou?
Foi um dia de muita tristeza para a família!
De vez enquando, neste mesmo terreirão,
à luz de duas velas,
tendo ao fundo um canteiro de hortênsias,
uma imagem,
tia Beca (Mercedes) rezava o terço seguido por um grupo de senhoras.
Na safra de café,
corriam umas vagonetas.
Iam em trilhos levando café para ser beneficiado.
Iam e voltavam.
Tio Ireneu (irmão de meu pai, por parte de pai)
trabalhava aí.
Fazia de tudo no que se chamava “máquina”.
Ia e voltava de bicicleta:
De sua casa à fazenda,
da fazenda para a sua casa.
Era de pouca conversa o tio Ireneu.
Tio Altino carroçava,
tio Paulinho fazia de tudo,
tio Pedro tratorava,
tia Beca cozinhava na sede,
prôs patrões:
Sô Humberto Pereira Lima e
dona Clarinha (Dona Mariana Clara Ferreira da Rosa Pereira Lima)
que foram pais de: Fernando, Humbertinho, Roberto, Eduardo, Regina, Sérgio e Cândido
(não conheci este último).
E minha família materna toda trabalhou prá eles!
Queria muito bem a eles.
Meu pai – não sei porque –
não gostava deles.
Dizia que Pereira,
não é pau nem madeira!
Quando Clara e eu nascemos (10/10/1944),
Dª Clarinha mandou
que fôssemos amamentados,
além do leite materno,
pela vaca “Riqueza”.
Conheci esta excelente matriz,
de úberes cheios,
e tive por ela gratidão:
à Dª Clarinha, madrinha da Clara e à “Riqueza” pelo nutritivo e saboroso leite.
As uvas “Niagara” eram deliciosas.
O vinhedo ficava abaixo do terreirão,
em frente à “máquina”.
Trancado a cadeado,
nele só entrava o encarregado do mesmo.
Era um édem,
só acessível a poucos.
Mesmo assim,
cheguei a comer delas
como um Baco.
Pe. Francisco de Assis Correia
O nome, para alguns, lembra as cataratas do Canadá.
Para outros, uvas.
Para mim, é a fazenda
onde moraram meus avós maternos,
meu tios e minhas tias,
o lugar onde morei logo após ter nascido
(nasci na Santa Casa de Jardinópolis),
e ali vivi por cerca de 4 anos.
E, morando na cidade, não havia dia que não ia passar lá,
na casa da avó Maria.
Ela morava numa casa fora da colônia,
perto de um córrego,
de uma mina,
tendo ao seu redor:
laranjeiras, pés de mexerica,
de tangerina, e abacate,
de paineira, de bananeira,
de goiabeira, de jaboticabeira...
Havia horta farta,
galinheiro, paiol...
Não havia dinheiro,
mas nada faltava de comida.
A avó Maria cozinhava muito bem.
Nas festas, no forno de bola,
ao lado da cozinha, ela fazia pães, roscas, bolos,
frangos assados,
leitoa assada.
Durante o ano, a avó fazia lingüiças.
Ficavam dependuradas na despensa.
À vontade.
Ali havia sacos de arroz, de feijão e de outras coisas.
Na venda só se comprava:
sal, azeite, querosene, fósforos para acender as lamparinas e o fogão
(só na década de 60, instalou-se eletricidade nas casas dos colonos!
O mesmo com água encanada e banheiros!), farinha de trigo e algo mais...
Como fui feliz
na fazenda Niagara...
Havia lá, também,
a casa do tio Altino e da tia Helena:
A Mariinha, o Zé Mário, o Luís, a Sidinéia.
Noutra casa:
Tio Pedro e tia Guiomar,
com a Marina, o Pedrinho, o Paulinho, a Sandra, a Ana Helena...
A casa do Sô Rodolfo e da Dª Elvira,
com um monte de filhos e filhas...
E o meu amigo Pérsio.
Dona Elvira, pela manhã, sempre fazia polenta frita na chapa,
para se tomar com leite...
Que gostosura!
A casa da Dª Idelma e do Sô Francisco Leme
(Cumadi Delma e Sô Chico Leme para a minha avó).
Uma penca de filhos...
Muito trabalho, muita horta...
Admirava Dª Idelma, de pé,
comendo na tampa da panela,
aquele sorriso amplo,
gostoso...
Chacoalhava-se toda!
E Sô Chico Leme também.
A casa do Sô Turíbio e da Dª Conceição:
Muitos filhos e filhas.
Eram também compadres dos meus avós.
Admirava neles o mútuo respeito
e a amizade sincera
que durou até o fim da vida,
mais do que se fossem parentes.
As casas, durante muito tempo, não tiveram piso
- eram de terra batida -,
Água encanada, banheiro, muito menos forro...
A casa do Sô Elias Gibaile e de Dª Dalva...
Ele era o fiscal da fazenda.
A casa dele ficava perto do “terreirão”.
Distante da casa do fazendeiro,
cerca de 200 m., se tanto!
Dos filhos, lembro-me mais do Zé Oswaldo,
Colega de escola e amigo.
Ah! Lembro-me, também,
de duas irmãs de Dª Dalva. Não de seus nomes.
Sei que bordavam muito bem!
O terreirão para secar café
parecia-me imenso.
Não era lugar de brincadeira.
Uma vez, justamente nele,
secando o café, meu avô perdeu todo o seu salário!
Quem achou?
Foi um dia de muita tristeza para a família!
De vez enquando, neste mesmo terreirão,
à luz de duas velas,
tendo ao fundo um canteiro de hortênsias,
uma imagem,
tia Beca (Mercedes) rezava o terço seguido por um grupo de senhoras.
Na safra de café,
corriam umas vagonetas.
Iam em trilhos levando café para ser beneficiado.
Iam e voltavam.
Tio Ireneu (irmão de meu pai, por parte de pai)
trabalhava aí.
Fazia de tudo no que se chamava “máquina”.
Ia e voltava de bicicleta:
De sua casa à fazenda,
da fazenda para a sua casa.
Era de pouca conversa o tio Ireneu.
Tio Altino carroçava,
tio Paulinho fazia de tudo,
tio Pedro tratorava,
tia Beca cozinhava na sede,
prôs patrões:
Sô Humberto Pereira Lima e
dona Clarinha (Dona Mariana Clara Ferreira da Rosa Pereira Lima)
que foram pais de: Fernando, Humbertinho, Roberto, Eduardo, Regina, Sérgio e Cândido
(não conheci este último).
E minha família materna toda trabalhou prá eles!
Queria muito bem a eles.
Meu pai – não sei porque –
não gostava deles.
Dizia que Pereira,
não é pau nem madeira!
Quando Clara e eu nascemos (10/10/1944),
Dª Clarinha mandou
que fôssemos amamentados,
além do leite materno,
pela vaca “Riqueza”.
Conheci esta excelente matriz,
de úberes cheios,
e tive por ela gratidão:
à Dª Clarinha, madrinha da Clara e à “Riqueza” pelo nutritivo e saboroso leite.
As uvas “Niagara” eram deliciosas.
O vinhedo ficava abaixo do terreirão,
em frente à “máquina”.
Trancado a cadeado,
nele só entrava o encarregado do mesmo.
Era um édem,
só acessível a poucos.
Mesmo assim,
cheguei a comer delas
como um Baco.
APARECIDA - O MILAGRE
APARECIDA – O MILAGRE
Pe. Francisco de Assis Correia
Lançado em todo Brasil, no dia 17 de dezembro de 2010, o filme Aparecida – O Milagre com direção de Tizuka Yamasaki, com Murilo Rosa, Maria Fernanda Cândido e outros, o filme recebeu críticas e elogios de várias tendências.
Para alguns, o filme encaixa-se dentro de um filão religioso que dá bilheteria e comoção popular; segue os mesmos padrões dos filmes do padre Marcelo Rossi (“Maria, a Mãe do Filho de Deus” – 2003 – e “Irmãos da Fé” – 2004), observando-se que o Pe. Marcelo é “um ícone midiático”, enquanto que Nossa Senhora Aparecida é um “ícone histórico”; porque o filme revela um “vazio de idéias” e “com excesso de clichês, filme vulgariza a fé”; “o catolicismo parece apenas uma religião atrasada”.
Outros viram neste filme uma “resposta católica”, “contra-ataque” aos filmes espíritas “Chico Xavier” e “Nosso Lar” o que é negado pela diretora Tizuka, que começou a tirar o filme do papel há três anos. Aliás, curioso é que a mesma se auto-defina sem religião e “agradeça a Nossa Senhora que a ajudou”, que o produtor do filme Paulo Thiago e sua mulher Gláucia Camargo se definam ateus!
Alguns definem o filme como “um milagre para levar o público às lágrimas”, ou, ainda mais acerbamente: o “milagre” que se espera do filme é o da “bilheteria”!
Para além dessas críticas, observa-se que o filme tem um roteiro e um final que se enquadram dentro do que observam os atuais sociólogos da religião e teólogos voltados para a pastoral: movimentos religiosos atuais, que dão resultado, são os que prometem milagres ou “teologia da prosperidade”.
O seguimento de Jesus Cristo, porém, é bem diferente. Vai na contra-mão...
Isso não dá bilheteria, nem arrasta multidões...
Ser discípulo e missionário é outra coisa... diz o Documento de Aparecida, mas este é outro assunto!
Pe. Francisco de Assis Correia
Lançado em todo Brasil, no dia 17 de dezembro de 2010, o filme Aparecida – O Milagre com direção de Tizuka Yamasaki, com Murilo Rosa, Maria Fernanda Cândido e outros, o filme recebeu críticas e elogios de várias tendências.
Para alguns, o filme encaixa-se dentro de um filão religioso que dá bilheteria e comoção popular; segue os mesmos padrões dos filmes do padre Marcelo Rossi (“Maria, a Mãe do Filho de Deus” – 2003 – e “Irmãos da Fé” – 2004), observando-se que o Pe. Marcelo é “um ícone midiático”, enquanto que Nossa Senhora Aparecida é um “ícone histórico”; porque o filme revela um “vazio de idéias” e “com excesso de clichês, filme vulgariza a fé”; “o catolicismo parece apenas uma religião atrasada”.
Outros viram neste filme uma “resposta católica”, “contra-ataque” aos filmes espíritas “Chico Xavier” e “Nosso Lar” o que é negado pela diretora Tizuka, que começou a tirar o filme do papel há três anos. Aliás, curioso é que a mesma se auto-defina sem religião e “agradeça a Nossa Senhora que a ajudou”, que o produtor do filme Paulo Thiago e sua mulher Gláucia Camargo se definam ateus!
Alguns definem o filme como “um milagre para levar o público às lágrimas”, ou, ainda mais acerbamente: o “milagre” que se espera do filme é o da “bilheteria”!
Para além dessas críticas, observa-se que o filme tem um roteiro e um final que se enquadram dentro do que observam os atuais sociólogos da religião e teólogos voltados para a pastoral: movimentos religiosos atuais, que dão resultado, são os que prometem milagres ou “teologia da prosperidade”.
O seguimento de Jesus Cristo, porém, é bem diferente. Vai na contra-mão...
Isso não dá bilheteria, nem arrasta multidões...
Ser discípulo e missionário é outra coisa... diz o Documento de Aparecida, mas este é outro assunto!
SEM FAZER NADA
SEM FAZER NADA
Etanol?
Não.
Êta Nóis!
Gasolina?
Não.
Insulina!
Pe. Francisco de Assis Correia.
Etanol?
Não.
Êta Nóis!
Gasolina?
Não.
Insulina!
Pe. Francisco de Assis Correia.
NO TEMPO DO “FOOTING”
NO TEMPO DO “FOOTING”
“Rua Silva Jardim ou silvo em mim?” (Carlos Drummond de Andrade).
Dar volta no jardim,
em Jardinópolis,
ao redor da Matriz,
à noite,
era um grande programa,
aos sábados e domingos,
feriados e dias santos.
Homens de um lado,
mulheres de outro,
em sentido contrário.
Viam-se,
olhavam-se,
piscava-se...
Tudo acertado,
ele e ela paravam.
Uma conversa
e tudo combinado,
ele a levava para a casa.
Começava o namoro.
Noivado.
Casamento!
Tudo era tão simples,
quase ingênuo.
A Rádio Ilha Grande,
ou melhor:
Serviço de Auto-Falante
da Rádio Ilha Grande,
comandada pelo Cleid Costa,
animava o “footing”.
Dava um ar festivo,
com músicas oferecidas ou não
“como prova de muito amor”.
Durante o dia,
servia, também, para noticiar,
aviso de falecimento: “Nota de Falecimento!”
Faleceu, nessa cidade,
o Sr. ou Sra. ...
Benquisto (a) morador (a) local.
O extinto (a) tinha ... anos de idade.
Seu sepultamento será às ...,
saindo o féretro da residência,
à Rua ...,
em direção à necrópole municipal.
À noite,
tudo era vida na praça.
Pena que,
às 21hs,
o som era desligado,
e se desfazia o movimento.
As pessoas se retiravam,
cada uma para a sua casa.
Era gente indo para os quatro pontos cardeais.
Uns iam para o lado da Baixada,
outros para o lado da Curva da Morte.
Uns para o lado da Caixa D’Água,
outros para o lado da Estação.
Eram os referenciais,
de então,
de Jardinópolis.
Melancolicamente a noite acabava,
com a música de
Lamartine Babo
e Francisco Matoso,
cuja letra, entre outras coisas,
confidenciava: “Mas tu não flertastes ninguém
Olhavas só para mim
Vitórias de amor cantei
Mas foi tudo um sonho... acordei”.
Pe. Francisco de Assis Correia.
“Rua Silva Jardim ou silvo em mim?” (Carlos Drummond de Andrade).
Dar volta no jardim,
em Jardinópolis,
ao redor da Matriz,
à noite,
era um grande programa,
aos sábados e domingos,
feriados e dias santos.
Homens de um lado,
mulheres de outro,
em sentido contrário.
Viam-se,
olhavam-se,
piscava-se...
Tudo acertado,
ele e ela paravam.
Uma conversa
e tudo combinado,
ele a levava para a casa.
Começava o namoro.
Noivado.
Casamento!
Tudo era tão simples,
quase ingênuo.
A Rádio Ilha Grande,
ou melhor:
Serviço de Auto-Falante
da Rádio Ilha Grande,
comandada pelo Cleid Costa,
animava o “footing”.
Dava um ar festivo,
com músicas oferecidas ou não
“como prova de muito amor”.
Durante o dia,
servia, também, para noticiar,
aviso de falecimento: “Nota de Falecimento!”
Faleceu, nessa cidade,
o Sr. ou Sra. ...
Benquisto (a) morador (a) local.
O extinto (a) tinha ... anos de idade.
Seu sepultamento será às ...,
saindo o féretro da residência,
à Rua ...,
em direção à necrópole municipal.
À noite,
tudo era vida na praça.
Pena que,
às 21hs,
o som era desligado,
e se desfazia o movimento.
As pessoas se retiravam,
cada uma para a sua casa.
Era gente indo para os quatro pontos cardeais.
Uns iam para o lado da Baixada,
outros para o lado da Curva da Morte.
Uns para o lado da Caixa D’Água,
outros para o lado da Estação.
Eram os referenciais,
de então,
de Jardinópolis.
Melancolicamente a noite acabava,
com a música de
Lamartine Babo
e Francisco Matoso,
cuja letra, entre outras coisas,
confidenciava: “Mas tu não flertastes ninguém
Olhavas só para mim
Vitórias de amor cantei
Mas foi tudo um sonho... acordei”.
Pe. Francisco de Assis Correia.
HORA DA AVE MARIA
HORA DA AVE MARIA
18 h.!
Que tristeza dá-me esta hora!
O radialista anunciava:
“o ponteiro aponta para o infinito”.
Recordando-me disso penso:
Aponta para a tristeza!
Por quê?
Porque, a esta hora,
Já tinha de estar banhado,
E pronto para jantar.
Terminava o dia,
O brinquedo,
A liberdade!
Tinha de jantar,
Não sair pela rua,
Aguardar um pouco a noite,
E dormir antes das 21 h.
Ave Maria!
Até hoje,
Tenho tristeza nesta hora!
Pe. Francisco de Assis Correia
18 h.!
Que tristeza dá-me esta hora!
O radialista anunciava:
“o ponteiro aponta para o infinito”.
Recordando-me disso penso:
Aponta para a tristeza!
Por quê?
Porque, a esta hora,
Já tinha de estar banhado,
E pronto para jantar.
Terminava o dia,
O brinquedo,
A liberdade!
Tinha de jantar,
Não sair pela rua,
Aguardar um pouco a noite,
E dormir antes das 21 h.
Ave Maria!
Até hoje,
Tenho tristeza nesta hora!
Pe. Francisco de Assis Correia
MEU PAI
MEU PAI.
Meu avô ferrava cavalos.
Meu pai, não.
Ferrava rodas de carroça,
carrinho e carrocinha.
Fazia madeiramento,
Currais, mesas simples de madeira.
Sabia cubicar
e se orgulhava disso,
ele que apenas fizera
até o terceiro ano primário.
Como marceneiro,
Ainda muito jovem,
Trabalhou na Usina Junqueira
e de lá trouxe
a doença do barbeiro – Chagas –
que lhe fez viver
apenas meio século e,
coincidentemente,
morreu num salão de barbeiro.
Era 6 de outubro de 1972.
Pe. Francisco de Assis Correia.
Meu avô ferrava cavalos.
Meu pai, não.
Ferrava rodas de carroça,
carrinho e carrocinha.
Fazia madeiramento,
Currais, mesas simples de madeira.
Sabia cubicar
e se orgulhava disso,
ele que apenas fizera
até o terceiro ano primário.
Como marceneiro,
Ainda muito jovem,
Trabalhou na Usina Junqueira
e de lá trouxe
a doença do barbeiro – Chagas –
que lhe fez viver
apenas meio século e,
coincidentemente,
morreu num salão de barbeiro.
Era 6 de outubro de 1972.
Pe. Francisco de Assis Correia.
HISTORINHAS DA GIOVANNA
PE. FRANCISCO DE ASSIS CORREIA
HISTORINHAS DA GIOVANNA: 4 ANOS
1. Giovanna só tem 4 anos. É filha de pais separados. Mora com a mãe e com os avós maternos.
Fica com o pai, por cerca de duas horas, às terças feiras e aos sábados ou domingos alternados.
Com o pai brinca de recortar desenhos, pintar e outras formas de entretenimento. Ou seja, o pouco tempo juntos é totalmente ocupado.
Outro dia, quando chegou a hora de guardar os brinquedos para voltar para a casa dos avós maternos, ela perguntou:
- Por que eu tenho de ir embora papai? Por quê?
2. Quando o pai foi buscá-la, outro dia, a mãe dela falou:
- Papai, a Giovanna está muito desobediente. Não obedece a mamãe, ao vovô e à vovó. Ela precisa ficar de castigo.
O pai falou à filha:
- Filhinha... olha... o papai, lá em casa, tem uma lousa, onde ele anota: se você desobedeceu... ele vai marcando com pontinhos, quantas vezes você desobedeceu... aí, você pode não brincar um dia, outro dia você não vai passear... entendeu?
A Giovanna ficou séria, olhando para o rosto do pai. Entrou no carro, atrás, na sua cadeirinha e quando o carro começou a andar, perguntou, preocupada, a seu pai:
- Papai... onde está a lousa?
O pai, sem graça, mentiu, respondendo:
- Filhinha, o papai deixou a lousa no caminhão...
A menina ficou sossegada e olhou o movimento da rua...
3. Doutra vez, andando de carro com o pai, esse atravessou a rua com o sinal fechado, vermelho.
Giovanna, sentada na sua cadeirinha, atrás, falou:
- Papai... você fez uma coisa que não pode fazer... você passou com o sinal vermelho... não pode, papai... é perigoso, viu?
4. Na hora de levar de volta a Giovanna para a casa dos avós maternos, o pai dela procurava a chave do carro e perguntava:
- Pai, você viu a chave do meu carro? O mãe, você não viu onde deixei a chave do carro?
E foi aquela busca...
Quando, enfim, foi encontrada, Giovanna disse:
- Papai... aqui tem muita coisa... precisa jogar fora muita coisa... viu, papai?
5. Outro dia, ao sair da casa do pai e ao levá-la para a casa dos avós maternos, o pai dela puxou a porta que, raspando o chão, produziu um forte barulho. Giovanna não teve dúvida em dizer:
- Papai precisa passar óleo na porta! O vovô lá em casa passa óleo nas portas, nas janelas...
6. Em cima do guarda-roupa do pai, havia uma grande bola branca de plástico.
Giovanna:
- Papai... posso brincar com aquela bola de lá de cima?
O pai:
- Filhinha... o papai precisa lavar a bola pra você brincar... ela está toda empoeirada... da próxima vez que você vier... o papai vai lavar a bola... aí... você vai brincar com ela.
Dias depois, quando voltou, Giovanna, ao entrar no quarto, perguntou:
- Papai, você lavou a bola?
O pai:
- Ô filhinha... o pai esqueceu. Vamos lavar agora...
7. Almoçando com os avós paternos, a avó disse à Giovanna:
- Giovanna... vem um dia, aqui, pra você dormir com a vovó... você vem?
Giovanna:
- Mas eu não trouxe a minha camisola, vovó... ficou lá, na minha casa...
8. A avó passava pomada no joelho do João Luís e este parecia dormir.
Giovanna dizia, então, à avó:
- Vovó... passa bastante pomada no papai... pra ele dormir bastante, viu!
9. João Luís saiu com a Giovanna de carro e, logo, ela falou:
- Papai... eu gosto mais do seu carro... eu não gosto do carro do vovô não...
- Por que filhinha?
- Porque o carro do vovô tá sempre sujo... eu não gosto não...
10. Ao pai:
- Papai... quando eu crescer, eu quero ter um cabelo grande, grande assim...
- E quem vai cuidar do seu cabelo?
- Minha mamãe...
11. Ela chegou com um cachorrinho de brinquedo, pertinho da vovó.
O cachorrinho, de repente ficou de pé, nas duas patas. A seguir, deu uma cambalhota e continuou andando. A avó levou um tamanho susto e, depois, pôs-se a rir do tal cachorrinho...
Depois de uma volta de carro com seu pai, Giovanna estava visivelmente com sono, grudada ao seu cachorrinho de brinquedo. Seu pai falou para se deitar no banco traseiro. Deitou-se e imediatamente dormiu, abraçada ao seu inseparável cachorrinho de brinquedo. Pena que seu pai não a tenha fotografado!
A primeira cena precisava ser filmada. Esta, segunda, fotografada.
HISTORINHAS DA GIOVANNA: 4 ANOS
1. Giovanna só tem 4 anos. É filha de pais separados. Mora com a mãe e com os avós maternos.
Fica com o pai, por cerca de duas horas, às terças feiras e aos sábados ou domingos alternados.
Com o pai brinca de recortar desenhos, pintar e outras formas de entretenimento. Ou seja, o pouco tempo juntos é totalmente ocupado.
Outro dia, quando chegou a hora de guardar os brinquedos para voltar para a casa dos avós maternos, ela perguntou:
- Por que eu tenho de ir embora papai? Por quê?
2. Quando o pai foi buscá-la, outro dia, a mãe dela falou:
- Papai, a Giovanna está muito desobediente. Não obedece a mamãe, ao vovô e à vovó. Ela precisa ficar de castigo.
O pai falou à filha:
- Filhinha... olha... o papai, lá em casa, tem uma lousa, onde ele anota: se você desobedeceu... ele vai marcando com pontinhos, quantas vezes você desobedeceu... aí, você pode não brincar um dia, outro dia você não vai passear... entendeu?
A Giovanna ficou séria, olhando para o rosto do pai. Entrou no carro, atrás, na sua cadeirinha e quando o carro começou a andar, perguntou, preocupada, a seu pai:
- Papai... onde está a lousa?
O pai, sem graça, mentiu, respondendo:
- Filhinha, o papai deixou a lousa no caminhão...
A menina ficou sossegada e olhou o movimento da rua...
3. Doutra vez, andando de carro com o pai, esse atravessou a rua com o sinal fechado, vermelho.
Giovanna, sentada na sua cadeirinha, atrás, falou:
- Papai... você fez uma coisa que não pode fazer... você passou com o sinal vermelho... não pode, papai... é perigoso, viu?
4. Na hora de levar de volta a Giovanna para a casa dos avós maternos, o pai dela procurava a chave do carro e perguntava:
- Pai, você viu a chave do meu carro? O mãe, você não viu onde deixei a chave do carro?
E foi aquela busca...
Quando, enfim, foi encontrada, Giovanna disse:
- Papai... aqui tem muita coisa... precisa jogar fora muita coisa... viu, papai?
5. Outro dia, ao sair da casa do pai e ao levá-la para a casa dos avós maternos, o pai dela puxou a porta que, raspando o chão, produziu um forte barulho. Giovanna não teve dúvida em dizer:
- Papai precisa passar óleo na porta! O vovô lá em casa passa óleo nas portas, nas janelas...
6. Em cima do guarda-roupa do pai, havia uma grande bola branca de plástico.
Giovanna:
- Papai... posso brincar com aquela bola de lá de cima?
O pai:
- Filhinha... o papai precisa lavar a bola pra você brincar... ela está toda empoeirada... da próxima vez que você vier... o papai vai lavar a bola... aí... você vai brincar com ela.
Dias depois, quando voltou, Giovanna, ao entrar no quarto, perguntou:
- Papai, você lavou a bola?
O pai:
- Ô filhinha... o pai esqueceu. Vamos lavar agora...
7. Almoçando com os avós paternos, a avó disse à Giovanna:
- Giovanna... vem um dia, aqui, pra você dormir com a vovó... você vem?
Giovanna:
- Mas eu não trouxe a minha camisola, vovó... ficou lá, na minha casa...
8. A avó passava pomada no joelho do João Luís e este parecia dormir.
Giovanna dizia, então, à avó:
- Vovó... passa bastante pomada no papai... pra ele dormir bastante, viu!
9. João Luís saiu com a Giovanna de carro e, logo, ela falou:
- Papai... eu gosto mais do seu carro... eu não gosto do carro do vovô não...
- Por que filhinha?
- Porque o carro do vovô tá sempre sujo... eu não gosto não...
10. Ao pai:
- Papai... quando eu crescer, eu quero ter um cabelo grande, grande assim...
- E quem vai cuidar do seu cabelo?
- Minha mamãe...
11. Ela chegou com um cachorrinho de brinquedo, pertinho da vovó.
O cachorrinho, de repente ficou de pé, nas duas patas. A seguir, deu uma cambalhota e continuou andando. A avó levou um tamanho susto e, depois, pôs-se a rir do tal cachorrinho...
Depois de uma volta de carro com seu pai, Giovanna estava visivelmente com sono, grudada ao seu cachorrinho de brinquedo. Seu pai falou para se deitar no banco traseiro. Deitou-se e imediatamente dormiu, abraçada ao seu inseparável cachorrinho de brinquedo. Pena que seu pai não a tenha fotografado!
A primeira cena precisava ser filmada. Esta, segunda, fotografada.
AS VENDAS
No meu tempo de menino, não havia, em Jardinópolis, nenhum supermercado, nenhuma impessoal loja, cheia de funcionários...
Havia, sim, as pessoais vendas, isso mesmo, vendas (de secos e molhados): do “Seu” Nelson Fregonesi, do “Seu” José Staibano, do “Seu” Rufino Leira, do “Seu” Guerino Sisti, do “Seu” José Felipe, do “Seu” Alexandre Saquy, do “Seu” Nicolino Cimento, do “Seu” José Torrecilhas, do “Seu” Jabur...
Depois, muito tempo depois, é que vieram os supermercados. Tão impessoais quanto anônimos...
Antes, era o tempo das cadernetas. Comprava-se e marcava-se. Acertava-se no fim do mês ou quando se podia...
Quando se pagava, recebia-se até um brinde: um pacote de macarrão, uma lata de sardinha...
O comerciante ficava satisfeito e o freguês, gratificado!
Com este sistema alguns venceram e se aposentaram, com dinheiro aplicado e/ou emprestado para particulares a altos juros...
Outros, coitados, faliram. Isso mesmo. Perderam tudo e os devedores nem tomaram consciência do mal que cometeram...
Vieram os supermercados: acabaram-se as cadernetas, os fiados, a confiança, os compadrios e os “agrados” aos fregueses e lá se vão cartões de crédito, os sacos plásticos, a pressa e aquele cheiro, sempre igual, de que quem compra, vive. Quem não compra não existe. É a lei do mercado. A venda morreu!
Pe. Francisco de Assis Correia.
Havia, sim, as pessoais vendas, isso mesmo, vendas (de secos e molhados): do “Seu” Nelson Fregonesi, do “Seu” José Staibano, do “Seu” Rufino Leira, do “Seu” Guerino Sisti, do “Seu” José Felipe, do “Seu” Alexandre Saquy, do “Seu” Nicolino Cimento, do “Seu” José Torrecilhas, do “Seu” Jabur...
Depois, muito tempo depois, é que vieram os supermercados. Tão impessoais quanto anônimos...
Antes, era o tempo das cadernetas. Comprava-se e marcava-se. Acertava-se no fim do mês ou quando se podia...
Quando se pagava, recebia-se até um brinde: um pacote de macarrão, uma lata de sardinha...
O comerciante ficava satisfeito e o freguês, gratificado!
Com este sistema alguns venceram e se aposentaram, com dinheiro aplicado e/ou emprestado para particulares a altos juros...
Outros, coitados, faliram. Isso mesmo. Perderam tudo e os devedores nem tomaram consciência do mal que cometeram...
Vieram os supermercados: acabaram-se as cadernetas, os fiados, a confiança, os compadrios e os “agrados” aos fregueses e lá se vão cartões de crédito, os sacos plásticos, a pressa e aquele cheiro, sempre igual, de que quem compra, vive. Quem não compra não existe. É a lei do mercado. A venda morreu!
Pe. Francisco de Assis Correia.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Orgulho - Prosa.
Orgulho.
O padre, ao final de seu panegírico,
disse à sua cominidade:
- Preciso de um alvanel!
Alguém lhe perguntou:
- O que é isso?
Ele respondeu:
- Um albanel!
- Quê?
- Um alvaner!
- Quê?
- Um alvanéu!
- Quê?
- Um alvanir!
- Quê?
- Um alveneiro!
- Quê?
- Um alvenel!
- Quê?
- Um alvener!
- Quê?
- Um alvenéu!
- Quê?
- Um pedreiro, entenderam?
- Prá quê?
- Prá construir uma outra Igreja, porque esta,
esta aqui,
está muito pequena prá mim!
Pe. Francisco de Assis Correia.
O padre, ao final de seu panegírico,
disse à sua cominidade:
- Preciso de um alvanel!
Alguém lhe perguntou:
- O que é isso?
Ele respondeu:
- Um albanel!
- Quê?
- Um alvaner!
- Quê?
- Um alvanéu!
- Quê?
- Um alvanir!
- Quê?
- Um alveneiro!
- Quê?
- Um alvenel!
- Quê?
- Um alvener!
- Quê?
- Um alvenéu!
- Quê?
- Um pedreiro, entenderam?
- Prá quê?
- Prá construir uma outra Igreja, porque esta,
esta aqui,
está muito pequena prá mim!
Pe. Francisco de Assis Correia.
Cavaquinho e violão. - Prosa
CAVAQUINO E VIOLÃO
OU
“SÔ” DÉLCIO E “SÔ” ZEQUINHA
Diz a Bíblia que quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro.
Foi o que aconteceu com Sô Délcio e Sô Zequinha. Um dia se encontraram e tornaram-se amigos. Compartilharam o mesmo gosto pela música. Aquele com seu cavaquinho. Este com seu violão.
Hoje, encontram-se com frequência. Passam algumas horas juntos. Tocam um chorinho, conversam particularidades da música, comentam a vida do compositor como se este lhes fosse familiar.
Entre uma música e outra, um dedo de prosa. Cada um fala do sofrimento, da dor e do amor que carregam.
As esposas de um e de outro estão, há anos, doentes. Muito doentes... A do seu Délcio, Dona Maria, sofre de diabetes, perdeu a visão e, agora, está com Alzsheimer... A do seu Zequinha sofre com transtorno mental bilateral, dificuldade de deambular, problemas renais, intestinais, etc, etc.
Um e outro, porém, cuida de suas esposas com todo cuidado, carinho e dedicação. Sacrificam-se por elas.
Sô Délcio para sair de casa, só o faz, se houver alguém de sua absoluta confiança para o substituir por poucas horas.
Sô Zequinha, igualmente.
Entre um chorinho e outro, ambos falam do que lhes é comum, com toda a sinceridade e amizade. Sem perder a esperança, nem a perseverança, sabem, na prática, que amar é sofrer juntos, é envelhecer juntos...
Não deixe Deus faltarem-lhes as forças, nem o desânimo abatê-los.
Pe. Francisco de Assis Correia.
OU
“SÔ” DÉLCIO E “SÔ” ZEQUINHA
Diz a Bíblia que quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro.
Foi o que aconteceu com Sô Délcio e Sô Zequinha. Um dia se encontraram e tornaram-se amigos. Compartilharam o mesmo gosto pela música. Aquele com seu cavaquinho. Este com seu violão.
Hoje, encontram-se com frequência. Passam algumas horas juntos. Tocam um chorinho, conversam particularidades da música, comentam a vida do compositor como se este lhes fosse familiar.
Entre uma música e outra, um dedo de prosa. Cada um fala do sofrimento, da dor e do amor que carregam.
As esposas de um e de outro estão, há anos, doentes. Muito doentes... A do seu Délcio, Dona Maria, sofre de diabetes, perdeu a visão e, agora, está com Alzsheimer... A do seu Zequinha sofre com transtorno mental bilateral, dificuldade de deambular, problemas renais, intestinais, etc, etc.
Um e outro, porém, cuida de suas esposas com todo cuidado, carinho e dedicação. Sacrificam-se por elas.
Sô Délcio para sair de casa, só o faz, se houver alguém de sua absoluta confiança para o substituir por poucas horas.
Sô Zequinha, igualmente.
Entre um chorinho e outro, ambos falam do que lhes é comum, com toda a sinceridade e amizade. Sem perder a esperança, nem a perseverança, sabem, na prática, que amar é sofrer juntos, é envelhecer juntos...
Não deixe Deus faltarem-lhes as forças, nem o desânimo abatê-los.
Pe. Francisco de Assis Correia.
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